sábado, 6 de novembro de 2010

Carta para amante do meu marido!!!

Parabéns! Meu casamento acabou...Daria tudo para ver sua cara ao ler esta carta. Não me interprete mal, não estou escrevendo para provocar nem para criar problemas. Quero apenas ser a primeira a dar uma notícia do seu interesse... A menos que não consiga que esta chegue em suas mãos antes dele . Ele me disse que ia alugar um quarto, mas voce sabe tanto quanto eu (talvez até melhor) que não seria a primeira mentira que ele me conta. Garanto, porém, que será a última. A notícia é justamente esta: Acabo de colocar meu marido porta a fora, com malas e tudo. Sem volta... De modo que voces não precisam mais fazer malabarismos para evitar que eu descubra o que já sei há quase um ano. De modo tambem que, se eu fosse voce (e, acredite, houve época que ser voce era o que eu mais queria), começaria a me preocupar se ele demorasse a parecer. Mas vai aparecer, sim. Porque agora voce é tudo o que ele tem. Pela primeira vez, vai bater na sua porta não por excesso de tesão; será por falta de opção. E eu quero que voce saiba disso. Passei o diabo por sua causa e não vou permitir que sinta o gostinho de imaginar que venceu. No final das contas, sempre foi isso, não é? Uma competição entre nós duas. O mais irônico é que o "premio" nem é lá essas coisas. Acredita que o desgraçado ensaiou pedir perdão, jurando que o caso de voces não era sério? E olha que não cobrei explicações. Só mandei que saísse da minha vida. Precisava ver o estado em que ele ficou quando chegou em casa e encontrou as malas na sala. Nunca havia passado pela cabeça dele a possibilidade de que eu pudesse tomar tal atitude. Ficou tão desnorteado que me acusou de traição por tramar tudo pelas costas dele. O Cínico transava com voce e a traidora era eu! Pela primeira vez depois desse tempo todo, tive vontade de rir. Lá estava o infiel, chapado com a descoberta de que tinha sido enganado. Prova de que sou muito mais competente na arte de dissimular. Só eu sei o esforço que isso me custou. Mas, lamentações à parte, foi um alívio colocar um ponto final na situação. Nunca mais vou olhar para o meu marido imaginando se hoje será o dia em que vai abrir o jogo e acabar com o nosso casamento. Nunca mais vou ter a sensação de ser inadequada, errada, pouca coisa. Nunca mais vou sentir o detestável cheiro do seu perfume entranhado na pele e nas camisas dele.É, foi o perfume que me alertou. Sempre o mesmo, sempre nos dias em que chegava em casa mais tarde. Tenho de admitir: Ele foi bom de serviço. Fora o maldito perfume, não deu nenhuma bandeira. Depois, a desconfiança me fez vasculhar o telefone dele, e encontrei suas mensagens... que o desgraçado nem se dava ao trabalho de apagar. Mas, depois que tive acesso as correspondencias de voces, tentei acompanhar um dos encontros de voces. Sabe " o lugar de sempre" de que voce falava nas mensagens? Eu estive lá. Segui meu marido, eu queria conhecer a mulher que assombrava meus dias e principalmente minhas noites. Estacionei meu carro do outro lado da rua e esperei por voces. Havia algo de doentio na minha necessidade de ver voces juntos. Não descobri o motivo... mas voces não apareceram. Humilhante, não é? Fiz mais... Lembra-se de uma Sonia que ligou para o seu trabalho marcando uma entrevista e nunca apareceu? Foi só para ouvir a voz da vagabunda que estava tentando roubar o meu marido. Não me orgulho disso, mas tambem não me envergonho. Hoje tirei o dia para arrumar as malas do homem com quem vivi tantos anos, tinha certeza de estar fazendo a coisa certa. E, deuma forma oblíqua, me vingando. Não sei nem quero saber o que ele vai contar no seu ouvido. Seja lá o que for, espero que voce acredite na minha versão da história. Afinal, eu sou, sem a menor sombra de dúvidas, bem mais confiável do que ele. Sinto falar assim do homem que voce ama, mas nós duas sabemos (embora voce ainda não queira admitir) que se trata de um canalha. Nada mais explica ter mantido uma vida dupla por tanto tempo. Tentei achar outros motivos, afinal , ele tambem era o homem que eu amava. Acreditei que a culpa fosse minha. Fiz a mim mesma um milhão de vezes a clássica pergunta: o que a amante do meu marido tem que eu não tenho? Fora uns anos a menos e um corpo mais firme... não encontrei nenhuma vantagem evidente. O que sera que voce fazia de tão especial? Quase surtei pensando nisso. Sentia como se eu fosse morrer. De inveja, de frustração, de humilhação. Felizmente, essa fase de ciume delirante durou pouco. Foi substituido por um ódio cego, desejo de vingança e, finalmente... lucidez. Se ganhei alguma coisa, além de cabelos brancos, um princípio de uma úlcera nervosa e uma depressão por causa do caso de voces, foi isto: tempo para ir ao fundo do poço e voltar. Compreendi que não se tratava do que voce tinha e eu não, mas, do que eu tinha e voce não. E eu tinha um marido, uma casa, dois filhos; ele era a imagem de porto seguro! Acabei chegando a conclusão de que não era só a mim que ele enganava... eram as duas! Nunca pretendeu escolher. E por que? Tinha o melhor das duas. Por ele, arrastaria a situação indefinidamente. Pior: se fosse pressionado, ficaria comigo. E gosto demais de mim mesma para aceitar uma coisa dessas. Foi por isso que o coloquei porta a fora. Por ironia, ele agora é o único que não tem escolha. Quando bater aí, voce pode ou não abrir a porta que eu fechei. Não sei qual das opções me daria mais prazer. Enfim, ele esta entregue, o problema é seu... faça bom proveito!!!